Altos e Baixos
É da mais elementar justiça começar este rescaldo pelas surfistas Yolanda Hopkins e Teresa Bonvalot que tão bem representam o nosso país.
O saldo da sua participação é altamente positivo, independentemente dos resultados alcançados, porque o facto de serem atletas Olímpicas é só por si um enorme feito.
O que a Teresa e a Yolanda têm feito nos últimos anos é realmente notável, tanto a nível nacional com internacional, colocando o Surf Nacional num patamar de excelência, com grande destaque para a participação nos Jogos Olímpicos de 2020 e 2024.
Esta dupla dinâmica, Teresa e Yolanda, são o expoente máximo do Surf competitivo de Portugal
Relativamente à participação, em concreto, das nossas atletas, foi espetacular a forma aguerrida como competiram, com um empenho total até ao último segundo dos seus heats.
Elas são a referência e o exemplo a seguir pelas gerações vindouras. Muitas vezes na sombra e sem os devidos apoios, elas merecerem todo o reconhecimento e a nossa admiração.
Não conseguiram avançar mais na competição, mas não foi por culpa própria, foi porque as adversárias também eram muito boas e porque o Mar nem sempre colaborou, ao enviar aquele tubo que faria toda a diferença.
Yolanda Hopkins a dropar com a sua determinação tão própria, fantástico!
La finesse da Teresa Bonvalt nos tubos taitianos.
As nossas atletas demonstraram uma enorme vontade de ganhar, quando não havia tubos, adaptaram-se rapidamente as condições, optando pelas manobras, com o intuito de pontuar ao máximo.
Teresa radical nas exigentes ondas de Teahupo’o
Yolanda a atacar forte o lip, como de costume.
É certo e sabido que Teahupo´o não é uma onda fácil. Além deste aspecto, as nossas atletas não competiram em igualdade de circunstâncias com as demais adversárias.
Muitas atletas presentes na competição já tinham experiência competitiva em Teahupo´o, devido ao facto de serem atletas do World Tour da WSL o que lhes confere uma enorme vantagem perante as demais atletas.
Várias selecções, como por exemplo França, Espanha, USA, Austrália, Brasil, Japão, Perú, mas também selecções de países com menos tradição no Surf como Israel, Itália e Alemanha fizeram vários estágios, com meses de antecedência em Teahupo´o, acompanhadas por equipas técnicas e com a colaboração de surfistas locais contratados pelas respectivas federações, essencial para a transferência de conhecimento daquela onda tão especial.
A Equipa de França, sempre avant-garde, um exemplo a seguir!
A estrutura da maior parte destas selecções têm treinadores com larga experiência como atletas e/ou treinadores no Surf profissional, preparadores físicos, nutricionistas, massagistas, profissionais para acompanhamento psicológico entre outros profissionais para que nada falte aos seus atletas e para terem planos de contingência para qualquer imprevisto.
Shane Dorian, um verdadeiro mestre do Surf, seleccionador do Team USA.
O seleccionador Jeremy Flores, o melhor surfista europeu de todos os tempos, à conversa com o prodigo Kauli Vaast.
Este cenário já se verificou nos últimos dois ISA World Games, onde se assistiu a uma enorme evolução da estrutura das principais equipas e uma preparação previa das provas com estágios realizados nos locais das competições. Não é por acaso que o domínio competitivo, ao nível europeu de França e Espanha é cada vez maior e que a Alemanha ficou melhor classificada, que Portugal, por equipas, nos últimos dois ISA World Games, algo impensável ainda há pouco tempo atrás.
A basca Nadia Erostarbe é a face mais visível do extraordinário trabalho que está ser feito em Espanha, deslumbrou com o à vontade nos tubos de Teahhupo’o.
A comunicação externa das principais federações, nos sites oficiais e noutros meios de comunicação tiveram o cuidado de disponibilizaram informação relevante sobre a preparação dos atletas, a sua promoção, sessões de treino, a performance dos atletas em competição e outras informações relevantes do principal evento desportivo do mundo, os Jogos Olímpicos.
A comunicação é essencial para aproximar o publico no geral e os fãs em particular, criando um entusiasmo à volta da selecção, potencializando ainda mais o valor das equipas.
Federações como a francesa, espanhola, alemã, italiana ou australiana, entre outras fizeram um trabalho excepcional ao nível da comunicação, antes e durante a competição.
A equipa alemã, com Camila Kemp e Tim Elter numa conferência de imprensa antes da participação nos Jogos Olímpicos.
Embora o Surf, o Skate, a Escalada e o Breaking, sejam desportos opcionais nos Jogos Olímpicos é quase certo que o Surf esteja presente em Los Angeles 2028 e Brisbane 2032, não fosse um dos desportos mais populares na Califórnia e na Austrália.
Naturalmente que esperamos ter o privilégio de ver atletas nacionais em prova e que se possam usufruir de condições tão boas ou melhores que os adversários.